domingo, 22 de agosto de 2021

MEALHADA: SE EU FOR PRESIDENTE… (6)

 



Num tempo de após-pandemia, esperemos que assim seja, para conhecer melhor os candidatos à Câmara Municipal de Mealhada nas próximas eleições autárquicas, em 26 de Setembro, em nome da página Mealhadenses que Amam a sua Terra, propomos aos participantes responderem a algumas questões que consideramos elementares. Depois de Hugo Alves Silva (Juntos pelo Concelho da Mealhada); António Jorge Franco (Movimento Mais e Melhor); João José Pereira Marques (CDU, Coligação Democrática Unitária); Gonçalo Melo Lopes (Bloco de Esquerda) e Rui Marqueiro (Partido Socialista), apresentamos a sexta e última concorrente à Câmara Municipal, no caso, Nélida Christine Gomes Marques, em representação do partido CHEGA.

Com 49 anos, divorciada e com um filho, reside na freguesia de Barcouço desde 1980.

Frequentou a licenciatura de Relações Internacionais na Faculdade de Economia de Coimbra. Possui experiência na área do atendimento ao público, nas áreas da Restauração e Turismo a nível nacional e internacional, bem como a nível de vendas. Tem várias formações a nível de Idiomas, Formação, entre outros.

Pretende romper com o “politicamente correcto”. Quer ser a voz de todos aqueles que estão inconformados e que defendem um Concelho com diferentes oportunidades.

Às perguntas por nós formuladas, vamos ler as respostas de Nélida Marques, a única candidata mulher à Câmara Municipal, que, nestas eleições autárquicas, quer alterar o situacionismo.


Mealhadenses que Amam a sua Terra (MAST): Como é a Nélida Marques no dia-a-dia?


Nélida Marques (NM): O meu dia-a-dia é corrido, sou pessoa ativa, de carácter vincado e personalidade forte, virada essencialmente para os valores familiares e para a minha família.

Para mim, a minha família é tudo pois priorizo os valores familiares e sou muita grata a Deus pela família que tenho.

Gosto de estar sempre em movimento, praticar algum desporto, nomeadamente ginástica e caminhadas.

Gosto de conviver socialmente, sou pessoa comunicativa e como tal, adoro conviver, trocar ideias e aprender também com as pessoas, a vida é uma escola e estamos sempre a aprender.


MAST: O que desencadeou em si a necessidade de ser candidata no Concelho em representação do Partido Chega?


NM: Tendo a consciência das necessidades reais do nosso Concelho e a constante insatisfação da população perante tamanha inércia política e social, fez-se imperioso que eu aceitasse o convite por parte da Comissão Política da Distrital de Aveiro, convite esse ao qual muito me honrou e que eu resolvi aceitar para a candidatura à Câmara da Mealhada.

Como já referi anteriormente, há setores da actividade económica e social que precisam urgentemente de ser dinamizados, precisamos de uma Mealhada moderna, sustentável e desperta para uma nova realidade, o mundo está a mudar e a mudar muito rapidamente e nós precisamos de estar preparados para enfrentar novos paradigmas.


MAST: Sem orçamento aprovado para os gastos de campanha no Concelho que promete defender no Executivo, se for eleita vereadora, a que santa(o) já fez uma promessa para as coisas lhe correrem de feição?


NM: Deus e os Santos de nada tem a ver com esta eleição. No CHEGA estamos habituados a encarar as situações de frente, sem medos, sem preconceitos e sem tabus. Onde normalmente as pessoas vêem dificuldades nós vemos oportunidades, pelo que independentemente da aprovação do orçamento iremos usar aquilo que tivermos à nossa disposição para dar o melhor às pessoas do concelho, e mostrar que é possível fazer política de forma diferente, melhor e em benefício de todos e não só de alguns.


MAST: Em número de votos conquistado ao eleitorado mealhadense, o que é para si um bom resultado? E mau?



NM: Para nós, o mais importante é, efetivamente, dar voz àqueles que não o conseguem, é contribuir para os desafios que se apresentam sejam concretizados em prol das pessoas. Qualquer resultado será bom para nós, uma vez que estamos presentes também neste maravilhoso Concelho que tantas potencialidades tem e teremos muito gosto em poder ajudar as pessoas de alguma forma; o voto é o meio pelo qual as pessoas têm para se manifestar e tentar a mudança, é um direito adquirido ao qual não devemos descurar. Queremos representar todas as pessoas que desejem mudança, acabar com práticas menos boas que tem vindo a ser feitas.

Portanto, qualquer número de votos para nós será bom nesse sentido.


MAST: Ao que tudo indica, historicamente, o Concelho da Mealhada é, ou parece ser, fortemente de pendor socialista. Que estratégia pretende utilizar para chegar aos “descontentes” e derrubar essas barreiras invisíveis que, no fundo, por falta de esclarecimento político julgo conduzir a um fenómeno de mimética, imitação?


NM: Acabar com práticas políticas menos favoráveis à população, que tanto nos prejudica e que se tem verificado há bastante tempo. O senhor trabalha, todos nós trabalhamos, acha justo que os impostos que nós pagamos sirvam para engordar as contas bancárias de quem está no poder?

Cada vez mais pessoas me abordam descontentes com a situação que vivemos no nosso concelho, estão mais conscientes e de olhos abertos para aquilo que não está a funcionar e isso é um sinal evidente que acordaram para a realidade.

O sistema está mergulhado em práticas que em nada vão de encontro a quem realmente contribui para a economia, em contrapartida, dá a mão a quem nada faz, vive dos nossos impostos e ainda consegue acabar com o País.

Penso que está tudo dito.



MAST: Entende que o município de maioria socialista ao encetar o processo de alteração de Barcouço de aldeia para vila já estava à espera de uma candidatura e fez uma jogada de antecipação? Concorda com a elevação a vila? Ou pensa ser mais lógico agregar Barcouço, tal como está, ao distrito de Coimbra?


NM: Barcouço é uma freguesia pertencente ao distrito de Aveiro, não faria sentido agregá-la ao distrito de Coimbra.

Segundo os dados de 2011, tem uma população de quase 2200 habitantes e embora possua uma variedade de serviços essenciais à sua população, não considero, no entanto, ter as condições necessárias para a elevação a Vila uma vez que não tem população suficiente que justifique essa posição.

Seria, no entanto, um enorme orgulho para todos nós que a freguesia fosse elevada a vila, não temos dúvidas disso.

Essa é uma ambição de qualquer Município e penso que qualquer autarca terá essa meta como um dos objectivos para o seu Concelho.



MAST: Concorda com o actual mapa de freguesias Nacional? Se não concorda, se for eleita vereadora, vai bater-se no executivo para a extinção da União de Freguesias da Mealhada, Antes e Ventosa do Bairro e voltar à reposição antiga?


NM: A meu ver, defendo a reposição antiga pois de forma individual funcionava mais eficientemente, no entanto, e como podemos aproveitar as sinergias da junção das freguesias e dessa forma poupar dinheiro ao erário público, teremos que analisar com mais detalhe o que efectivamente está a ser feito e de que forma está a ser feito, para depois tomar uma posição definitiva sobre esse assunto.


MAST: Em termos de turismo, o concelho é uma manta de retalhos. Com a vila de Luso, que já foi bandeira azul nas recordações dos mais velhos, a apresentar-se a quem o visita como um desgosto ao primeiro olhar, e a vila da Pampilhosa com toda a sua degradada monumentalidade industrial do século XX e memória da ferrovia ao abandono.

Tenciona apresentar no seu programa de candidatura um roteiro promovido pela autarquia a envolver não só a Mata Nacional do Bussaco, as duas vilas, mas também as aldeias em torno da Mealhada, juntando o património construído, os recursos naturais, a actividade cultural, a gastronomia e os vinhos?


NM: Sem dúvida! Aliás, esse é um dos nossos projectos fundamentais para a dinamização do Turismo da Mealhada, nem só de Água, Vinho, Pão e Leitão se faz o nosso turismo; nós temos riquezas naturais infinitas no Luso, Bussaco, e em todas as aldeias envolventes no concelho, pretendemos, por isso fazer uso delas para a dinamização do turismo, resgatar fontes degradadas, património valioso que outrora funcionara como um museu temos a Villa Romana da Vimieira ou Cidade das Areias que fora identificada como um estabelecimento rural romano com uma ocupação compreendida entre os séculos I e IV D.C. segundo o Portal do Arqueólogo, da Direção Geral do Património Cultural (DGPC).

Neste espaço encontrava-se um espólio significativo dentro do qual podemos mencionar moedas do séc. II ao séc. IV. Escória, pesos de tear e duas “tegulae” (tipo de telha grande de rebordo, feita de barro) com marca "in planta pedis" também fizeram parte deste espaço, segundo o portal da DGPC.

Ora estando o espaço inativo, achamos por bem resgatá-lo, até porque está situado num trajeto onde está inserido o Caminho de Santiago, e conforme testemunhamos, até passou por nós um turista estrangeiro ao qual tivemos o prazer de cumprimentar. Portanto, este espaço terá mesmo de ser reativado e dinamizado aquele local.

Julgamos também, que a criação de passadiços, à semelhança de outros concelhos, farão também uma boa publicidade à Mealhada, atraindo não só jovens mas também famílias com filhos e que gostem do contacto com a natureza.

Temos de exportar o nosso turismo, temos de nos fazer conhecer ao Mundo, criar postos de trabalho; Portugal é um exportador de turismo, temos paisagens magníficas e há que absorver todas estas potencialidades.


MAST: Tenciona combater a desertificação das povoações em redor da Mealhada? Se sim, de que forma? Depois desta experiência do transporte flexível com recurso a táxis subsidiados, defende um sistema de pequenos autocarros, de ingresso e regresso, que chegue a todas as aldeias, vilas e cidade?


NM: Eu sempre defendi os transportes em autocarros pequenos e sustentáveis de e para a Mealhada. Todas as aldeias têm de ser merecedoras deste meio de transporte, bem sabemos que hoje em dia, quase todas as pessoas têm automóveis e podem se deslocar a qualquer hora, porém, também sabemos que há muitos idosos e até pessoas mais jovens que não tem carro, carta, e que não se podem deslocar facilmente para tratar dos seus documentos ou para fazer compras, tendo que pedir constantemente a vizinhos ou familiares para os levar, isso é inadmissível nos dias de hoje. Eu própria já testemunhei isso e dói-me ver que pessoas que descontaram uma vida inteira, agora necessitem e ninguém lhes dê a mão.

O êxodo rural tem muito a ver com estas situações. por falta de condições, temos a ambição de atrair mais investimento para o concelho criando mais postos de trabalho, atrair os jovens com a criação de mais estruturas desportivas, criar uma Cidade Inteligente e dinâmica.


MAST: Imagine que, neste momento de apreciação de programas e selecção individual do voto, me sinto inclinado a votar na coligação Juntos pelo Concelho da Mealhada, que, como sabe, agrega o PSD/CDS e outros partidos identificados com o centro-direita. O que tem a dizer para me convencer a votar no Chega, a agremiação que representa?


NM: Como já referi, nós queremos ser o veículo pelo qual todos aqueles que estando cansados do mesmo, do compadrio, daqueles que tudo fazem pelo bem deles e nada pelo bem das pessoas, possam ser representados e acarinhados. Queremos ser a diferença na vida das pessoas que estão revoltadas com o atual estado de coisas.

Há uma célebre frase que alguns atribuem a Albert Einstein, outros a Rita Mae Brown, mas que se calhar ainda é mais antiga: “Insanidade é continuar a fazer sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes”. Ou seja, como se pode esperar resultados diferentes se votarmos sempre nos mesmos?

A não ser que esteja satisfeito com a atual situação, então tudo bem, caso contrário nada terá que reclamar quando as coisas lhe desagradarem.


MAST: Nos últimos meses, no nosso Concelho, temos vindo a assistir ao eclodir de um fenómeno urbano mais próprio das grandes cidades, refiro concretamente o vandalismo. Há cerca de um ano, ainda sem apuramento por parte da Polícia Judiciária, foi o incêndio na sede da Escola de Samba dos Sócios da Mangueira. Entende que estamos perante um certo anarquismo rasteiro que sempre existiu numa sociedade conflituante entre o poder instituído e os governados ou, pelo contrário, estamos perante declarados atentados políticos que visam passar uma mensagem de revolta e descredibilização do actual executivo?


NM: O que tem acontecido é uma total falta de respeito pelas nossas forças de ordem e de autoridade, por falta de vontade política e por se exagerar no politicamente correto. Isso não se verifica só na Mealhada mas um pouco por todo o País, como ainda há bem pouco tempo vimos em Reguengos de Monsaraz. Os políticos não estão a agir de forma a dar o exemplo para que as pessoas respeitem as forças policiais, tendo inclusive o nosso Presidente dado um péssimo exemplo quando foi ao bairro da Jamaica tirar fotos com pessoas que tinham cometidos crimes, ao invés de ter visitado a esquadra de Polícia, e ter dado o seu apoio público a quem tenta manter a ordem na sociedade. Isto, além de criar um sentimento de impunidade nas pessoas, quase incentiva outros a fazerem o mesmo, pois sabemos que o pior que lhes pode acontecer é tirar uma selfie com o nosso Presidente. No futuro, e na Mealhada caso a minha candidatura seja vencedora, qualquer situação semelhante que aconteça será tratada de forma a levar às últimas consequências legais todas as pessoas envolvidas.


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