segunda-feira, 9 de agosto de 2021

MEALHADA: SE EU FOR PRESIDENTE… (5)

 

(Imagem, retirada com a devida vénia, do notícias de Aveiro)



Num tempo de após-pandemia, esperemos que assim seja, para conhecer melhor os candidatos à Câmara Municipal de Mealhada nas próximas eleições autárquicas, em 26 de Setembro, em nome da página Mealhadenses que Amam a sua Terra, propomos aos participantes responderem a algumas questões que consideramos elementares. Depois de Hugo Alves Silva (Juntos pelo Concelho da Mealhada); António Jorge Franco (Movimento Mais e Melhor); João José Pereira Marques (CDU, Coligação Democrática Unitária); Gonçalo Melo Lopes (Bloco de Esquerda) apresentamos agora Rui Manuel Leal Marqueiro, candidato ao executivo pelo Partido Socialista (PS).

Com 69 anos, é o actual presidente da Câmara Municipal e apresenta-se a sufrágio para o terceiro mandato desde 2013. Antes deste período, foi presidente da Câmara Mealhadense entre 1989 e 1999, altura em que foi eleito deputado à Assembleia da República pelo PS.

De 2001 a 2013 foi presidente e vice presidente do Centro de Estudos e Formação Autárquica, em Coimbra.

Ingressou na Escola Primária em Antes no ano de 1958, freguesia onde reside. É licenciado em economia pela Faculdade de Economia do Porto.

Considera-se tímido, idiossincrasia que, através da genética, herdou do pai.

Tem por lema de vida: “só é derrotado quem desiste de lutar.

Como todos os políticos em exercício, amado por uns detestado por outros, apresenta-se ao grande combate autárquico com o mesmo entusiasmo de sempre.

É assim, Dr. Rui Marqueiro?




Mealhadenses que Amam a sua Terra (MAST): Como é o Rui Manuel Leal Marqueiro no dia-a-dia?


Rui Marqueiro (RM): Antes de responder quero corrigir dois dados que são apresentados na introdução.

Eu fui de facto vice-presidente e presidente do CEFA, e presidente da Fundação CEFA que se seguiu, e tudo isto se desenrolou entre os anos de 2001 e 2011 e não 2013 como aparece na referida introdução.

Tanto quanto posso relembrar eu vim para a escola primária da Antes em 1960, onde ingressei na terceira classe da então instrução primária.

De facto, apresento-me como candidato a Presidente da Câmara Municipal com o mesmo entusiasmo de sempre, sou dos que pensam que antes de passar o tempo a pedir ao Município o que pode fazer por mim, prefiro colocar-me à disposição dele para fazer por ele o que puder e souber.

Para quem se interessa por Ciência Política, sabe que este pensamento não é um original meu, mas que o adotei sempre como guia da minha vida política.


Sou um homem dedicado à família, muito reservado por timidez, bastante expansivo quando crio amizades, a quem sou muito dedicado.

São raras, mas muito verdadeiras e preciosas.

Adoro música, não tendo a mais pequena preparação musical, gosto especialmente de música clássica, de jazz, de música latino americana, e como quase toda a minha geração adoro os Beatles.

Gosto imenso de ler, tenho muita curiosidade por biografias de grandes Homens de Estado; há pouco acabei de ler a biografia de Mandela e neste momento comecei a ler a biografia autorizada do eng. António Guterres, que admiro muito.

Espero não escandalizar os mais ortodoxos ao dizer que li atentamente a biografia do Prof. Salazar da autoria do dr. Franco Nogueira, obra apologética, mas notável pelo esforço que constituiu e nos mostra o interior do Estado Novo e as suas insanáveis contradições.

Li muitas outras biografias, ou obras de políticos portugueses e estrangeiros; posso citar De Gaulle, Churchill, Monet, Mário Soares, Sá Carneiro, Álvaro Cunhal, Fidel Castro e Che Guevara. Enfim muitos outros que por esta ou aquela razão suscitaram a minha curiosidade pelo pensamento político ou a praxis política.

Gosto de conhecer outros países, outras pessoas, tenho um grande fascínio pelas religiões, embora me falte inteligência para ser crente, e ficarei devedor do Município por me ter proporcionado poder ser recebido em audiência coletiva por SUA SANTIDADE O PAPA FRANCISCO, foi o momento mais fascinante da minha existência, só ultrapassado pelo dia do meu nascimento.

Para terminar, o meu dia-a-dia é dividido entre a CMM e a minha esposa e os meus sogros. De quando em vez uma visita ao Porto onde reside o resto da minha família.


MAST: Segundo li em qualquer lado, em 2017, aquando da então campanha eleitoral autárquica, alegadamente, o Senhor teria afirmado que aquele iria ser o seu último confronto político. A ser assim, o que o fez mudar de rumo? Foi a cobarde queixa anónima, não querendo deixar a ideia que estava a fugir?

Vai ser candidato para, no exercício de funções, verificar se a empresa Infraestruturas de Portugal cumpre com o que lhe prometeu sobre as obras de requalificação da Estação da Pampilhosa?


RM: Para ser absolutamente verdadeiro, houve quatro coisas que me levaram a aceitar o convite da Comissão Política Concelhia e da Direção Nacional do PS.


1-Eu e o Executivo a que pertenço fomos alvo de denúncias assinadas que quero ver resolvidas. Até agora nenhuma teve qualquer vencimento.


2-Houve quem, cobarde e criminosamente, enviasse para o DIAP (Departamento de Investigação e Ação Penal) e para o TAF (Tribunal Administrativo e Fiscal) de Aveiro denúncias anónimas. Que eu conheça, foram cinco.

Quatro para o DIAP e uma assinada por Maria Silva -obviamente inventada- para o TAF.

Já foram arquivadas duas no DIAP; uma aguarda a decisão de abertura de instrução, após constituição de acusação a mim, aos srs Vereadores eleitos pelo PS, e a alguns funcionários municipais, e a uma pessoa estranha ao Município.

A denúncia feita ao TAF aguarda decisão na primeira instância.

Há uma denúncia anónima junto do DIAP de que nada sei.

Durante a campanha eleitoral darei conhecimento público destes factos, apresentando todos os documentos que possa apresentar, pois alguns estão sujeitos a segredo de justiça.

Quero o meu nome absolutamente limpo, não encontrei melhor forma de o fazer do que dar a conhecer à população do Município a monstruosa cabala que tentaram malévola e criminosamente montar a nosso respeito.


3-Há um candidato à CMM (Câmara Municipal da Mealhada) que não me merece a mínima confiança na sua integridade pessoal, que considero absolutamente necessária para o exercício do cargo de Presidente, deste assunto tratarei durante a campanha eleitoral.


4-Finalmente tenho a certeza que as IP (Infraestruturas de Portugal) cumprirão aquilo a que se comprometeram relativamente à Linha da Concordância e à estação da Pampilhosa, e por isso aqui me proponho ficar para o garantir.


MAST: Pressente que há falta de coesão no Concelho como um todo? Isto é, de facto, parece existir mesmo um separatismo político-ideológico, sobretudo, entre a vila da Pampilhosa e a cidade da Mealhada. No seu entender, a que se deve esta rivalidade? Além de mais, até porque a autarquia mealhadense, durante vários mandatos, já foi presidida por um filho da terra.


RM: A rivalidade é tacanha e não tem razão de ser; a explicação que sempre se encontra nestes fenómenos de localismo exagerado, fazem-me sempre lembrar uma máxima do marxismo-leninismo: dizem estes, que o Esquerdismo é uma doença infantil do Comunismo. Eu digo que o Localismo exagerado é uma doença infantil da Democracia Local.

Há quem possa encontrar raízes históricas, socioculturais etc. etc., e haverá mesmo quem possa juntar considerações económicas e outras métricas; há uma de ordem política que me acode sempre: há sempre quem queira dividir para reinar. Parece-me muito apropriada.



MAST: Em 2009 foi envolvido numa polémica por querer concorrer contra o candidato natural e camaradas do mesmo partido, o então presidente da Câmara, Carlos Cabral. Em 2021, mesmo para a Assembleia Municipal e desvinculado do PS, é Cabral quem o desafia. Estamos perante uma reviravolta do destino ou um ajustar de contas entre antagonistas que precisa de ser saldado?



RM: Não comento esta pergunta, porque só o faria se o referido senhor fosse candidato ao mesmo lugar que eu sou.

Eu sei desde há muito, que imperou uma certa “azia” contra a minha pessoa no seio do PS, basta ler o MEALHADA MODERNA de 18 de Julho de 2012, o resto foram especulações políticas que foram resolvidas como tinham de o ser.


MAST: Em 2017, com uma percentagem de 47,58%, conquistou maioria absoluta com uma margem ainda maior do que em 2013. Agora, com a apresentação do Movimento Mais e Melhor, composto por independentes e muitos socialistas seus camaradas, com esta cisão acha que vai ser fácil ganhar?


RM: Há um equívoco na questão, socialistas só há nas listas do PS, independentes há em todas as listas, nem todos os candidatos apresentados são militantes de partidos.

Como não adivinho o futuro, nada direi sobre o resultado das eleições, que não seja o óbvio, o PS concorre para ganhar.

Numa situação idêntica em 2001, o PS ganhou e com maioria absoluta, mas não houve desastres naturais, falências de empreiteiros, uma pandemia com uma duração de um ano e alguns meses, etc., e por isso qualquer comparação não é possível.

Este mandato de 2017/2021 é até ao momento inigualável a qualquer outro, se quisermos ser imparciais na sua apreciação. Se quisermos dividir para tentar reinar, então falte-se à verdade, com papas e bolos, alguns pretenderão enganar alguns tolos, como diz o nosso POVO.



MAST: É um acérrimo defensor de que a Mealhada, em vez de Aveiro, passe a pertencer ao distrito de Coimbra. Se ganhar, vai sensibilizar o Grupo Parlamentar do seu partido na Assembleia da República para propor a alteração?


RM: Eu, a título meramente individual, defendo a integração da Mealhada no distrito de Coimbra, no PS há quem pense como eu, e há quem assim não pense.

Este assunto diz respeito a todo o Município, que se tiver o mesmo entendimento que eu, dever-se-á criar um movimento nesse sentido.

Até agora, não perspetivei muitas pessoas interessadas nesta problemática.



MAST: Concorda com o actual mapa de freguesias Nacional? Se não concorda, se ganhar as eleições, acaba com a União de Freguesias da Mealhada, Antes e Ventosa do Bairro e volta à reposição antiga?


RM: Eu sempre fui contra a União de freguesias no Município da Mealhada; por isso, se for eleito Presidente da Câmara, continuarei a ser e estarei ao lado daqueles que queiram separar as freguesias que foram unidas.


MAST: Em termos de turismo, o concelho é uma manta de retalhos. Com o Luso, que já foi bandeira azul nas recordações dos mais velhos, a apresentar-se a quem o visita como um desgosto ao primeiro olhar. Tenciona criar um roteiro promovido pela autarquia a envolver não só a Mata Nacional do Bussaco, as duas vilas do Luso e Pampilhosa, mas também as aldeias em torno da Mealhada, juntando o património construído, os recursos naturais, a actividade cultural, a gastronomia e os vinhos?


RM: Discordo inteiramente dos considerandos da pergunta.

Nem o Concelho é uma manta de retalhos, nem o Luso pode ser visto com olhos de há cinquenta anos atrás.

Nos últimos trinta anos o Luso foi enriquecido com variados benefícios que hoje o ajudam a lutar contra o decréscimo de importância de estância termal.

Os Velhos do Restelo, não aceitam alterações das condições do Mundo atual.

E sobre o roteiro convido as pessoas a visitarem mais os postos de turismo, há dois no Município onde encontrarão ampla divulgação do Município.

E na FMB (Fundação Mata do Bussaco) encontrarão infelizmente um valioso quadro a menos, desaparecido, ao que diz a PJ por incêndio fortuito, em dezembro de 2013, mas encontrarão um convento de Santa Cruz renovado e as capelas da Via Sacra com a reparação que foi permitida pelo Estado.

Quanto à famosa restauração Mealhadense, essa apesar da pandemia, continua a resistir, a ganhar garfos de platina, de ouro, prémios da mais variada natureza para “azia” de alguns, felizmente poucos.


MAST: Tenciona combater a desertificação das povoações em redor da Mealhada? Se sim, de que forma? Depois desta experiência do transporte flexível com recurso a táxis subsidiados, conta instalar um sistema de pequenos autocarros, de ingresso e regresso, que chegue a todas as aldeias, vilas e cidade?


RM: Temos em curso dois projetos piloto.

Transporte flexível em táxi, e reposição da linha 7440 na freguesia de BARCOUÇO.

Temos ainda a decorrer o concurso internacional da Comunidade Intermunicipal de Coimbra, e ainda a rede pública de transportes escolares que podem ser utilizados por qualquer munícipe.

Após estes projetos piloto, teremos uma maior possibilidade de entender que necessidades reais existem em matéria de transportes públicos


MAST: Substituiu completamente a sua equipa de vereadores. Diz o povo que em equipa vencedora não se mexe. Significa que pressentiu alguma vulnerabilidade para o combate, ou foram eles que, depois das acusações instauradas pelo Ministério Público, bateram a porta com estrondo por, rebaixados e mal pagos, não estarem sujeitos a esta constante humilhação pela judicialização da política?


RM: O PS tem, felizmente, muitos e bons quadros com experiência política.

Na equipa que agora vai a votos tem o primeiro elemento com quarenta anos de vida política local, que sou eu.

Em segundo apresenta outro elemento com elevada experiência da Política Local com trinta anos destes meandros da Política Local.

O terceiro elemento da lista é a única pessoa sem experiência política local anterior, mas em quem deposito toda confiança pela sua experiência profissional.

O quarto elemento já trabalhou na Câmara Municipal, é uma pessoa da minha total confiança pelo seu saber e integridade pessoal.

O quinto é um jovem que já foi membro da Assembleia Municipal.

O sexto elemento já teve contacto com a realidade de reuniões da Câmara Municipal, e é profissional de saúde que nas circunstâncias atuais nos pode ser muito útil.

O sétimo elemento é professora sem experiência política relevante, mas pertence a uma classe profissional muito importante para a autarquia.

Os elementos que agora saem da lista, todos estão com esta candidatura, fazem parte da sua Comissão de Honra, continuarão a servir o Município onde e quando for necessário, como o fizeram até aqui.


Quanto a ganhar mal, só posso responder que ninguém vem para a Câmara Municipal obrigado, por isso as queixas sobre isso não possuem razão.

Quanto à defesa que os membros da Câmara deverão fazer do seu bom nome, esse aspeto não está em causa, continuarão a defender-se como até aqui.


MAST: Nos últimos meses, no nosso Concelho, temos vindo a assistir ao eclodir de um fenómeno urbano mais próprio das grandes cidades, refiro concretamente o vandalismo. Há cerca de um ano, ainda sem apuramento por parte da Polícia Judiciária, foi o incêndio na sede da Escola de Samba dos Sócios da Mangueira. Entende que estamos perante um certo anarquismo rasteiro que sempre existiu numa sociedade conflituante entre o poder instituído e os governados ou, pelo contrário, estamos perante declarados atentados políticos que visam passar uma mensagem de descredibilização do executivo no qual é líder?


RM: Sobre a última questão, direi apenas que vândalos de diversa natureza, sempre existiram, e continuarão a existir, não é uma realidade concelhia, regional, nacional, infelizmente já assisti a vandalismo muito pior em muitos países do mundo.


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