sexta-feira, 27 de agosto de 2021

AGRADECIMENTO DE PARABÉNS

 

(Imagem da Web)



Ontem comemorei os meus 65 anos. Porra, como estou velho, cansado e entradote! Cada vez que olho o espelho mais me confundo com o meu falecido pai. A expressão “quem te viu e quem te vê” não deixa de me atormentar diariamente. Os esquecimentos são constantes.

Claro que, obviamente, nem tudo é mau. Aqui, do ponto deste novo estádio, retiro algumas ilacções: uma delas é que já tenho idade para ter juízo. Outra, é que, para todos os efeitos legais, sou oficialmente idoso. Com prerrogativas positivas, como se voltasse a ser criança, passei a pagar meio-bilhete nos comboios da CP. Outra ainda, tenho esperança que, em face da minha vetusta idade, alguém se levante para eu me sentar, e numa comprida fila me dêem a vez como se eu fosse uma mulher grávida. Outra ainda, tenho esperança que, pelo facto de ser velhote e me julgarem vulnerável, não me ofereçam pancada sempre que eu reclamar qualquer coisa.

Mas não só coisas boas. Também há coisas assim assim. Por exemplo, quando chegamos a esta parte do calendário e, começando a olhar para o fim da nossa caminhada, damos conta que já nos resta menos tempo do que aquele que já percorremos, deveríamos ter direito a créditos obtidos anteriormente e que nos permitisse prolongar a vida.

Esta coisa de não sabermos quando vamos morrer é uma grande chatice, aliás, esta indefinição existencial é anti-económica. Como nada se sabe sobre a data de validade, naturalmente, joga-se pelo seguro e começa-se a evitar e a adiar cada vez mais iniciativas e trabalho. O ditado de “não deixe para amanhã o que pode fazer hoje”, usado até aqui, passa a ser invertido para “deixe-se para amanhã ou quando calhar e evite-se fazer hoje”.

E comecei a escrever esta pequena crónica apenas para agradecer todos aqueles que se voluntariaram a parabenizar-me.

Tive o cuidado de, respondendo a todos, ler todas as mensagens individualmente. Se falhei algum as minhas desculpas.

Devido às restrições obrigatórias da Direção Geral de Saúde, ainda não foi este ano que tive possibilidade de dar uma grande festa a todos os meus amigos e conhecidos. Estas regras são mesmo uma grande chatice. Quer uma pessoa oferecer um lauto jantar a umas centenas de pessoas e, vai-se ver, não pode. Isto é mesmo um atentado à liberdade individual. E como eu estou mesmo pesaroso! Ora bolas! As minhas desculpas. Talvez para o ano, esperemos que sim, e que as coisas sejam diferentes.


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