domingo, 29 de agosto de 2021

MEALHADA: NÓS POR CÁ…VAMOS OUVINDO E COMENTANDO (1)

 




A menos de um mês das eleições autárquicas, que vão decorrer no próximo 26 de Setembro, o ambiente nas oficinas de material de guerra das forças concorrentes continua calmo. É certo e sabido que as espadas já foram todas desembainhadas e o fio de corte testado. Na logística, na organização, é que o stress é maior. Fazem-se contas de sumir e somar, estendem-se cenários em cima da mesa como de mapas militares se tratassem. Ao pormenor, analisam-se os últimos vinte anos de sufrágio no Concelho e, apelando aos especialistas, traçam-se planos para combater o grande inimigo silencioso, a abstenção, e a forma de a abater.

Para sete lugares de vereadores elegíveis no executivo, entre seis agremiações candidatas à Câmara Municipal, três alinham-se na linha de partida, qualquer uma com espírito e esperança de ganhar:


- O Partido Socialista (PS) com Rui Marqueiro, veterano e vencedor das duas últimas maratonas, realizadas em 2013 e 2017, e que, mais uma vez, se apresenta em público para repetir o feito e ostentar novamente a coroa de louros. Marqueiro, do alto da sua experiência autárquica, sabe que, por várias razões, sanitárias, sociais e políticas, este é um tempo imprevisível e nada comparável aos anteriores. Mesmo não sendo presciente, adivinha que, desta vez, não vai ser fácil ganhar, quanto mais repetir a maioria absoluta com quatro vereadores. Do seio do seu partido, a provocar uma cisão, emergiu uma liderança de ex-socialistas, descontentes e com contas para acertar com o situacionismo, que lhe pode desviar metade do eleitorado. Uma coisa é certa: ganhe ou perca, Marqueiro sai por cima deste pleito eleitoral. Goste-se ou não das sua políticas para o Concelho, tem de se lhe atribuir créditos pela coragem e teimosia em não se deixar abater;


- A coligação Juntos pelo Concelho da Mealhada (JPCM), formada pelos partidos PPD-PSD/CDS-PP/ MPT/PPM/IL, como se sabe, apresenta Hugo Alves Silva. Repetente na candidatura, concorreu em 2017 e, sendo eleito, conquistou três lugares na vereação.

Tal como Rui Marqueiro, arranhando na cabeça e franzindo o sobrolho, fazendo contas à vida, sabe que as coisas tanto lhe podem correr bem como o seu contrário. Tal como o PS, embora menos pessoalizado, Hugo tem um “inimigo comum: o Movimento Mais e Melhor, liderado por António Jorge Franco.

Este movimento, constituído por independentes e simpatizantes de outros partidos, ideologicamente situado à esquerda do JPCM, de Hugo, e à direita do PS, de Marqueiro, é o que se chama no seu posicionamento ideológico variado de oportunista, isto é, para além dos seus indefectíveis, inevitavelmente, vai roubar votos à esquerda, do PS, e à direita, do JPCM.

E Hugo Silva está bem ciente deste problema.

Se a Ciência Política fosse exacta e assentasse em rácios anteriores e factores de continuidade, teoricamente, considerando a mesma percentagem na abstenção, o JPCM sairia vencedor destas eleições. Acontece que não é assim, e contrariando 2017, com o executivo polarizado em duas forças, desta vez podem ter assento três ou até, no limite, quatro agentes partidários no executivo. Ora, a acontecer este plano, a ambição de Alves Silva fica mais diminuída e refém do executivo a formar.

De qualquer modo, seja qual for a posição conseguida pela coligação, nada há a apontar a Hugo Alves Silva. Num Concelho onde o PSD é uma espécie de manta de retalhos e onde, parece, há mais setas envenenadas do que abraços de amizade, Hugo faz o que pode… e “quem faz o que pode, faz o que deve”, dizia Miguel Torga.


- O Movimento Mais e Melhor (MMM), liderado por António Jorge Franco, dos três concorrentes ao pódio, é o que mais treina diariamente no contacto com a pista, como quem diz, no toque pessoal com o público, na Internet e na captação de votos. Falta de esforço e transpiração ninguém lhe pode apontar.

Das três forças em presença posicionadas para a vitória, o MMM, ganhe as eleições ou fique em segundo ou terceiro lugar, como não tem dados comparativos anteriores, partindo do zero, será sempre considerado vencedor.

Com elementos na sua equipa conhecidos no Concelho, esta força política, entre os três adversários, pode surpreender.


Como nota final negativa, a meu ver, a maioria dos concorrentes está a deixar o contacto pessoal com a população de lado e apostar praticamente tudo na divulgação digital, através da Internet. Qual será a percentagem de info-excluídos no Concelho da Mealhada? 60%? 70%? É assim que se combate a abstenção, que em 2013 foi de 49,48% e em 2017 foi de 48,6%?

É verdade que já tivemos debates na Rádio Pampilhosa, mas o som deixou muito a desejar. Esperemos que nos próximos embates radiofónicos a coisa flua mais e melhor a qualidade sonora.

Não estaria na altura de serem marcados (e realizados) debates entre todos todos os candidatos, à Assembleia de Freguesia, à Assembleia Municipal e à Câmara Municipal? E que tal se fosse no Cine-teatro Messias?


(Para não tornar esta crónica demasiado longa, brevemente, voltarei a este assunto para falar dos outros concorrentes)


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