quarta-feira, 27 de julho de 2022

RETALHOS DA ÚLTIMA REUNIÃO DA CÂMARA MUNICIPAL DE MEALHADA

 

(imagem do jornal online Bairrada Informação)




Numa troca de palavras acesas, atirou o antigo “boss” ao novo pretor:

Eu não tenho confiança na sua honestidade”.

E erguendo no ar uma imagem ameaçou: “vou ceder esta

fotografia ao senhor Procurador da República.


Retirando as melancolias de fumaça que têm atravessado o tecto colectivo que nos cobre em consequência dos incêndios que devastam o país de lés-a-lés, nesta última Segunda-feira, dia de Reunião de Câmara Municipal, o Céu, sem nuvens, pintado de cor azul-marinho, apresentava-se limpo.

Na parede do Salão Nobre, em figurativo institucional, Marcelo Rebelo de Sousa, o revisor constitucional, com cara de enjoado, parecia estar a fazer um grande frete.

Mal o relógio da torre sineira da Igreja Matriz da Mealhada bateu as nove badaladas, António Jorge Franco, o homem do leme do navio autárquico, apresentou cumprimentos a todos os presentes e aqueles que se mantinham em casa a ver o encontro executivo através do YouTube, via “streaming” – nas suas costas, Marcelo não respondeu.

Rui Marqueiro, ex-presidente e agora líder da oposição, o vereador que, inevitavelmente, escrevo mais do que os seus pares todos juntos, pelas suas características singulares de intervenção, entre o irónico e a arte da prestidigitação, no retirar coelhos da cartola, parecia calmo e falava baixinho. E pelos tão famosos "Casos do Dia". Devagar, devagarinho, atirou a primeira seta ao comandante dos trabalhos: “já acabou as obras do Mercado?

E Franco respondeu: “não, não acabei as obras!

Em seguida, Hugo Alves Silva, o responsável pelo pelouro da juventude, puxou a brasa à sua sardinha e disse: “o Fest - o Festival da Juventude que decorreu na Quinta do Murtal no último fim-de-semana – correu muito bem! Contabilizámos cerca de três mil visitantes”.

Luís Tovim, da bancada de oposição, aquiesceu: “reconheço que o festival foi uma iniciativa bem conseguida. Dou os parabéns.

Perguntou ainda Tovim a Franco: “quanto custa a passagem da Volta a Portugal no concelho?”

Respondeu o prefeito:”custa 20 mil euros mais IVA.


E VEIO O PERÍODO DE INTERVENÇÃO DO PÚBLICO


Eram 10h00, momento de interregno dos trabalhos de agenda, tempo de ouvir o cidadão.

O primeiro a intervir foi um eleitor de Barrô. Apresentando uma dissertação sobre um possível (re)aproveitamento do magnífico espaço construído e ainda não inaugurado do novo Mercado Municipal, o munícipe recomendou e defendeu que a maioria, com envolvimento da oposição, impedindo que a edificação realizada se transforme em mais um “elefante branco”, seja criativa e capaz de dar a volta por cima e transformar o projecto vindo do anterior executivo num portão de oportunidade.

Sem compromisso vinculativo, por parte da maioria foi deixado no ar a ideia de “a ver vamos como diz o cego”.

A seguir falou outro munícipe. Afirmou que estava ali para pedir explicações ao senhor vereador Rui Marqueiro. Disse ainda o arguente que entre outras más-abonações o eleito, numa anterior reunião de Câmara, verbalizara que não o conhecia. Falou que, pela desconsideração aduzida, se considerava ferido na sua honra de empresário dinamizador de vários projectos de hotelaria na cidade Isso não é verdade, disse o queixoso, o “senhor doutor Rui Marqueiro conhece-me bem

Na contra-argumentação, disse o nosso mediático animador das lides parlamentares: “sentiu-se ofendido? Paciência!


E ENTROU-SE NO PERÍODO DA ORDEM DO DIA


Como já vem sendo hábito, a pedido da bancada socialista, havia quatro pontos inscritos na agenda do dia, o 2, o 3, o 4 e o 5 – este último, “Análise ao Gabinete de apoio do Senhor Presidente desde o início do mandato”, acabaria por ser retirado a pedido do chefe da oposição.

No ponto 2, “Análise à factualidade de acidente de trabalho” de um funcionário recentemente ocorrido, Marqueiro, virando-se para Franco, acusou de, a toda a pressa, se ter alterado o cenário para fazer crer que as normas de segurança estavam a ser cumpridas. E concluiu: “não se verificavam normas de segurança no momento do acidente.

Ripostou o visado: “lamento a sua posição. O senhor veio para aqui contar histórias. (…) O senhor quer criar aqui uma história.”

Numa troca de palavras acesas, atirou o antigo “boss” ao novo pretor:

Eu não tenho confiança na sua honestidade”.

E erguendo no ar uma imagem ameaçou: “vou ceder esta fotografia ao senhor Procurador da República.

E caiu-se no ponto 7, “Fixação do prazo para entrega do imóvel da Cafetaria da Alameda da Cidade”. Dado o prazo de 10 dias para o alegado incumpridor retirar o seu material do espaço comercial. 

E chegou o ponto 9, “Proposta de deliberação sobre representação do Município na ERSUC”.

Por António Franco foi dito que a percentagem da Câmara Municipal no capital da Empresa de Resíduos Sólidos Urbanos de Coimbra é de 8,34%.

Referiu ainda o nome do representante da edilidade no Conselho de Administração da ERSUC, José Calhoa.

E continuou: “A Câmara não se revê no actual representante” (eleito no tempo de Marqueiro). (…) Quem foi eleita foi a Câmara Municipal. José Calhoa representa a Câmara Municipal. (…) Não vemos ninguém por lá. (…) Por que não nos sentimos representados, estar lá ou não estar é a mesma coisa. Queremos acabar com esta representação.

Acompanhou Gil Ferreira, vereador da Cultura: “a pessoa deveria ter colocado o lugar à disposição.

Foi votada a não continuação da autarquia no Conselho de Administração da ERSUC e, com 3 votos contra dos socialistas, foi aprovada por maioria.


A PRÓXIMA REUNIÃO APENAS EM “STREAMING”


Por estarmos em Agosto, a próxima reunião será realizada no dia 9 e transmitida via “streaming”, “porque muitas pessoas estão de férias”, discorreu António Franco no final da reunião.


Sem comentários: