quinta-feira, 29 de maio de 2008

PENSAR PEQUENINO COMO COIMBRINHA








(IMAGEM RETIRADA DO JORNAL AS BEIRAS)

Segundo o Diário as Beiras de hoje, 29 de Maio , a ACIC, Associação Comercial e Industrial de Coimbra, defende o aproveitamento do Quartel da Sofia para a concentração dos serviços judiciais. O “adeus” do tribunal seria “mais uma machadada”, alega a direcção desta associação patronal.
Vamos por partes, como ressalva de interesses, informo que em 7 de Março, em face do mais que provável desmantelamento do Museu Nacional da Ciência e da Técnica (MNCT), em Coimbra, com um acervo extraordinário espalhado por toda a cidade, apresentei a várias entidades, entre elas a ACIC, um anteprojecto em forma de ideia, aproveitando aquele magnífico acervo, em que defendia a transformação daquele antigo quartel militar de 660 m2, na Rua da Sofia, em espaço museológico, com uma parte inactiva e outra interactiva com profissões em vias de desaparecimento e outras já desaparecidas a laborar diariamente entre as 10 da manhã e as 22 horas. Esta minha proposta académica seguia a linha dos novos centros comerciais, simplesmente em vez de ser moderno seria constituído por artesãos. Paralelamente funcionaria como escola de artes e ofícios tradicionais. Este espaço, bem no centro da cidade histórica da Baixa, defendia eu nessa ideia, seria superar a dimensão doméstica da cidade, quebrando a modorra passional, e que servisse de motor impulsionador da esperança aos comerciantes e revitalizador do centro histórico, através da cultura, para além da Universidade e de outros monumentos, inserindo as profissões de antanho, “dando-lhe uma projecção nacional e internacional, e ao mesmo tempo explorá-la de uma forma pedagógica, abrindo este Centro de Mesteres Antigos –denominação criada por mim- à cidade e às escolas, à experimentação e ao conhecimento”, exactamente como nestas palavras de Francisco Providência, em que projecta o mesmo para a Casa do Major Pessoa, que a Câmara Municipal de Aveiro recuperou para receber o futuro Museu Arte Nova daquela cidade, tendo em conta exactamente a dinamização daquela parte histórica.
Acontece que Coimbra não é Aveiro, dirá você leitor, e muito bem. Pois não! É que na Lusatenas para além de se deixar morrer um museu, o que interessa uma boa ideia se vier de um papalvo anónimo qualquer chamado Luís Fernandes? Nem pensar! Ideias para serem boas têm de sair dos crânios servilistas do poder, mesmo que sejam estúpidas como esta da ACIC. Que esta associação defenda a manutenção do tribunal na Baixa é perfeitamente compreensível e imperioso. Agora sacrificar um espaço como aquele do antigo DRM para funcionar das 09 às 18 horas é o quê? Uma visão retrógrada e ultrapassada, o status quo, digo eu, será? Pense o leitor.
Já agora, só para terminar, informo que apresentei o anteprojecto às seguintes entidades: Presidente da Câmara Municipal de Coimbra, Magnífico Reitor da Universidade de Coimbra, Presidente da Junta de Freguesia de São Bartolomeu, Presidente da Junta de Freguesia de S. Cruz, Presidente da ACIC e Presidente da APBC (Agência para a Promoção da Baixa de Coimbra). Passados quase quatro meses continuo à espera (sentado) que uma destas entidades responda qualquer coisita. Fizeram mal? Nada disso! Fizeram muito bem porque, para além de poderem utilizar o acervo do MNCT, eu, certamente iria ter muito trabalho, para além de poder ceder imenso espólio museológico. E não invento. Tenho mesmo. Poderia citar vários objectos, mas indicarei apenas um: carrossel de 1933, a funcionar, que existia na Figueira da Foz, junto ao casino, que é um marco histórico que atravessou gerações, e que, estou certo, vou ceder a um município, próximo de Coimbra.

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