sábado, 3 de maio de 2008

COIMBRA: A QUEIMA... DOS TÍMPANOS


(Foto de Paulo Abrantes)


O novo figurino da Queima das fitas mudou. Agora em formato renovado, devido ao Protocolo de Bolonha, as alterações mais visíveis são, sobretudo, a mudança do cortejo da Queima de terça-feira para domingo. Ainda bem, digo eu. Quando era realizado à terça era um aborrecimento pela sua implicância em toda a vida da cidade. A urbe, pelo encerramento das suas principais artérias ao trânsito automóvel, transformava-se em terra de todos e de ninguém. As actividades económicas, exceptuando a Restauração, praticamente paravam nesse dia. Por força das circunstâncias, todos eram obrigados a parar para olhar o cortejo. Simplesmente, já há muito que o Cortejo da Queima é apenas uma novidade para quem o integra e seus familiares directos e um “pagar de promessa” para quem por aqui passou, amou, estudou e se licenciou. Nesse dia, como voltando à aldeia em festa do seu Santo Padroeiro, aí está o saudosista duma boémia desaparecida, a voltar nesse dia da procissão. É vê-lo, com o cabelo cheio de brilhantina, com o seu melhor fato, neste caso, capa e batina, cheio de fitas ao vento, caminhar, ufano, com ar compenetrado ao som da fanfarra e dos “eferreàs”.
Por tudo isso, quanto a mim, esta mudança do Cortejo da Queima só veio beneficiar a cidade. Assim houvesse outras mudanças estilísticas, como por exemplo o ensurdecedor barulho das noites da Queima, no Parque verde da cidade.
Eu moro a seis quilómetros do Largo da Portagem. Esta noite, às 3 e 45 da manhã, na minha casa, o barulho era atroador. Agora calculem como seria o barulho para quem vive e precisa de dormir ali próximo ao “queimódromo”.
É muito fácil pedir compreensão e tolerância à cidade. O problema é que as pessoas precisam de dormir. E não falamos de uma noite, falamos de uma semana. Por agora, a procissão ainda vai no adro. A continuar o barulho, como esta noite, imagino que muita polémica irá gerar.
Sinceramente nada tenho contra a festa. Não é minha, creio, com toda a certeza dizer, que, contrariamente ao que se pensa, a cidade também não a considera sua, é apenas a festa dos estudantes. Mas respeito, desde que essa festa respeite a cidade com a invasão controlada de decibéis. Desde que se faça a harmonização entre o bem-estar de uns e a necessidade legítima de “abanar o capacete” de outros.

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