sábado, 11 de julho de 2020

EDITORIAL: A NOSSA IMPRENSA TRANSFORMADA EM ABUTRE

(Imagem do EXPRESSO)




Como é público, tendo por intenção a total legalização da prostituição, incluindo as casas-de-passe e fim da criminalização do lenocínio - Quem, profissionalmente ou com intenção lucrativa, fomentar, favorecer ou facilitar o exercício por outra pessoa de prostituição (…)” (artigo 169º do Código Penal) -, pela mentora da iniciativa, foi acusado um juiz de, para além de ser cliente do santuário de bem-estar físico e mental, recorrer a imagens de crianças, presumivelmente de processos em que era parte julgadora, em pleno acto de sexo oral praticado pelas profissionais do relaxamento. Leia aqui o Expresso.
Antes de prosseguir, porque foi por isto que me levou a escrever, começo por dizer que a cobertura jornalística, nomeadamente televisiva, é simplesmente tenebrosa. Expor publicamente a imagem do acusado sem ser julgado é no mínimo assustador e leva-nos a pensar para onde caminhamos? Afinal há ainda outras selvas por descobrir! Onde está a presunção de inocência? Em qualquer dos casos, inocentação ou culpabilidade, a sua vida, familiar, profissional, social, fica feita em fanicos.
Agora entremos na questão principal: a haver ilicitude, a haver mesmo, reside unicamente em provar que o meritíssimo utilizou imagens processuais sujeitas a sigilo profissional. Sim, porque frequentar um bordel ou casa de prostitutas não é crime. Nem sequer na moral dos costumes, porque já há muito que a sociedade portuguesa, apesar de conservadora, olha para a prostituição como o paradigma da hipocrisia e falta de coragem na resolução de toda a classe política, incluindo os partidos que nunca foram governo nem tenham hipótese de vir a ser.
Não interessa nada a minha opinião, mas há muito que defendo que, choque ou não os mais radicais, a prostituição deve ser tratada com outra dignidade, seja como profissão, com deveres e obrigações para os trabalhadores do sexo, seja com outro tratamento normativo. Por ser assim o tráfico de mulheres para esta vida (difícil) tem diminuído?
Uma coisa é certa: esta problemática não pode continuar.
Por último, duas palavras, uma para o desempenho da denunciante: mulher asquerosa. Puta reles! E outra para o agora acusado pelo ministério Público, muita força e coragem!

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