sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

EDITORIAL: A CMC DIVIDIDA ENTRE O POLÍTICO E O ADMINISTRATIVO





Se cada funcionário da Câmara Municipal de Coimbra (CMC), de per si, entendesse que a sua função de serviço público deveria implicar uma disponibilidade total na resposta aos problemas dos munícipes, estou em crer que um ou outro “quid pro quo” - tomar uma coisa por outra – que inevitavelmente ocorre seria de fácil resolução e não acarretaria um ónus para os vereadores com pelouro com assento no executivo.
Acredito que a maioria dos cidadãos, singulares ou empresários, adstritos a uma autarquia, seja num licenciamento, pronúncia de um direito, ou outro qualquer assunto, no seu legítimo interesse egoísta, por um lado, querem uma resposta com celeridade que evite prejuízos pelo arrastamento no tempo, por outro, pretendem serem tratados como gente, em igualdade, com amabilidade, e sujeitos de direitos e obrigações. Tenho a certeza que o cidadão comum, na sua atitude reivindicativa dos serviços, não busca desencadear a discussão política entre o partido que governa e a oposição.
No tocante à Administração Pública, e sobretudo em relação à CMC, sendo sério, na última década muita coisa se alterou para melhor. No entanto, no dia-a-dia, na Secção de Atendimento, continuamos a ver funcionários em magote em alegre conversa e os munícipes, com o olhar perdido no visor de vez e com senha na mão, à espera durante dez, quinze, vinte minutos. Em quadro, esta cena, no mínimo, é frustrante. É também correcto que, como em todos os sectores privados ou públicos, não se pode generalizar. Não são todos iguais, uns são mais disponíveis do que outros, e alguns parecem sofrer pela inércia que, por vezes, parece vir de cima. Apesar deste avanço na formação humana, caracterizada por alguma sobranceria declarada, muito ainda há para fazer no campo do relaccionamento humano.
Se no serviço privado, numa loja comercial por exemplo, a cada cliente que pretende ser atendido sai a natural interrogação “posso ajudar?”, por que razão no público não se emprega a mesma prática?
Se qualquer cidadão nacional, como embaixador, representa sempre, e em qualquer lado, o seu país, a sua cidade, a sua aldeia, o seu bairro, a sua rua, inevitavelmente, um funcionário camarário é a extensão do serviço que o acolhe e lhe dá o pão.
Um funcionário camarário está obrigado ao zelo profissional e cumprimento da palavra dada ao contribuinte munícipe. Ao não funcionar com estes princípios, para além de fazer passar a sua incapacidade a todo o seu grupo de colegas, está a trespassar o falhanço para os técnicos superiores e chefes políticos.
Por outro lado ainda, qualquer munícipe lesado por tratamento menos respeitoso tem obrigação de denunciar. Só assim é possível alterar velhos vícios conhecidos com desculpa e assento no imobilismo e na burocracia.
Valerá a pena pensar nisto?

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