quinta-feira, 15 de dezembro de 2022

MEALHADA POLÍTICA: O INIMIGO PÚBLICO

 



 

 

É prática os partidos ou outros agrupamentos políticos dirigirem a sua acção política em linha horizontal, como quem diz, apontar as suas setas envenenadas para outras agremiações como o mesmo peso na hierarquia. Por outras palavras, exceptuando o timoneiro pela facção, que na luta política pode ser directamente responsabilizado e visado, raramente se apontam armas aos peões que compõem o ramalhete. 

Ora esta semana, para nossa surpresa, fomos surpreendidos por um comunicado do Movimento Independente Mais e Melhor em que, fulanizando sem identificar, escrevendo sobre a participação do município na ERSUC, Empresa de Resíduos Sólidos Urbanos da Região de Coimbra, relatava assim: “Não nos revemos nesta administração, o executivo tomou uma posição, mas infelizmente o Município da Mealhada continua representado nessa administração (embora só no papel, para que por lá se mantenha) por um nomeado político do anterior executivo. (…) e todos perdemos, menos este Administrador da empresa que vai tirando de lá o seu rendimento.” 

 

E QUEM É O DITO CUJO NÃO IDENTIFICADO? 

 

Ora, como entenderam os leitores do comunicado, o visado é José Calhoa, actual presidente da Comissão política da Mealhada do Partido Socialista e vereador com assento no executivo, que nomeado para representar a Câmara Municipal de Mealhada na administração da ERSUC no tempo da vigência de Rui Marqueiro, ostracizado, rejeitado, peremptoriamente pela actual maioria liderada por António Jorge Franco, pelos vistos, mesmo com total oposição dos eleitos para liderar a governança da edilidade, continua a frequentar as reuniões da empresa de recolha de excedentes e alegadamente, com a sua presença pontual, a usufruir de uma choruda maquia. 

 

MAS PORQUE SIM? 

 

Por parte da maioria liderada por Franco, a questão foi bem esclarecida numa sessão da Assembleia Municipal em Abril deste ano, em que o presidente do município enfatizou: “o actual representante foi nomeado em 2017, o senhor José Calhoa Morais. Não me parece que o senhor ex-vereador Calhoa esteja a defender os interesses dos municípios. Quem está no Conselho de Administração da ERSUC é o representante da Câmara Municipal da Mealhada mas eu não me sinto representado na ERSUC.” 

Viria a repetir as mesmas palavras em 25 de Julho, na reunião de Câmara Municipal desse dia: A Câmara não se revê no actual representante” (eleito no tempo de Marqueiro). (…) Quem foi eleita foi a Câmara Municipal. José Calhoa representa a Câmara Municipal. (…) Não vemos ninguém por lá. (…) Por que não nos sentimos representados, estar lá ou não estar é a mesma coisa. Queremos acabar com esta representação. 

Em entrevista de José Calhoa à nossa página do Mealhadense em 9 de Setembro, em que lhe foi colocada a pergunta se vai continuar no conselho de administração da ERSUC mesmo sabendo que é contra a vontade da maioria? Vai demitir-se? Respondeu Calhoa: “Quanto a parte profissional, trabalhei sempre desde pequeno e não tenho problema nenhum em fazer qualquer tipo trabalho, desde que o saiba fazer, claro. A título de exemplo, digo-lhe que quando estive com o pelouro do ambiente e espaços verdes, nos momentos críticos de falta de pessoal, cheguei a andar a cortar relva com o pessoal dos espaços verdes. Infelizmente parece que a ideia não pegou e não foi copiada por outros. (acham que lhes fica mal) No estado em que as coisas estão atualmente, não sei o que diga.” 

 

MAS, AFINAL, EM QUE FICAMOS? 

 

Em resumo final, sem pretender manipular o pensamento de quem quer que seja, tenho para mim que este folhetim de cordel, a continuar, não dignifica nem o MIMM, nem José Calhoa, nem o concelho da Mealhada. 

O primeiro, como entidade em representação do accionista na ERSUC, ao invés de mandar balas de pólvora seca contra Calhoa deveria mover todos os meios ao seu alcance para, quanto antes, ser realizada uma assembleia-geral para substituição do actual (alegadamente pouco) representante. Não se compreende muito bem esta inércia. Afinal o município, como accionista, que peso tem na empresa? 

O segundo, José Calhoa, por uma questão de dignidade, em face do que se passa, há muito que deveria ter colocado o seu lugar à disposição. Tendo em conta as suas prováveis ambições políticas, não se entende este queimar em lume brando do seu capital político conquistado a pulso. 

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