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QUE DIA É
AMANHÃ?
Amanhã
é dia de Natal!
Eu quero lá saber se amanhã vai
chover,
se não vai haver vinho para beber,
se esta noite,
com insónia, vou dormir mal?
Amanhã
é dia de Natal!
Que me importa os vetos e os recados do
presidente,
o desdém, a dor de corno que alguém com isso
sente,
e digam que esse comportamento só lhe fica mal?
Amanhã
é dia de Natal!
Gritem à vontade contra esta maldita
virulada,
contra o estado de emergência, o confinar, que são
chaga,
Mas, por favor, não me desanquem a bater no meu
portal,
Amanhã
é dia de Natal!
Não me falem das assinaturas para a
candidatura do Marcelo,
acerca do tabu, do mistério que eu não
afivelo,
é um assunto, não-assunto, natural,
Amanhã
é dia de Natal!
Não me embrulhem em coisas que deveriam
ser religiosas,
ou outras quaisquer vontades cínicas e
manhosas,
não
se agarrem ao poderzinho, que parece mal,
Amanhã
é dia de Natal!
Que tenho eu a ver com a queda do
PSD,
se foi por erro crasso, não fui eu nem você
que
contribuímos para o trambolhão e pantanal,
Amanhã
é dia de Natal!
Não me enterrem no mar de angústia e
tristeza,
como se este mundo lacrimoso findasse a sua natureza,
mostrem-me
alegria, riam com graça, façam um arraial,
Amanhã
é dia de Natal!
Livrem-me da polémica do Covid-19 e da
vacina,
recuperando a fé na economia, acabando com a rapina,
não
me azucrinem com a
cobardia endémica, que é boçal,
Amanhã
é dia de Natal!
Recordem-me
o rico o cheiro à
abóbora e à canela,
o pinhão que torra no forno-a-lenha, e ao lume a panela,
o leite-creme queimado pela espátula abrasada no metal,
Amanhã é dia de Natal!
Relembrem-me o Menino Jesus, e o espírito que o rodeava,
o sapatinho na lareira, o desejo da criança, nas prendas que ansiava,
o Pai Natal, a descer pela chaminé, com o seu silêncio genial,
Amanhã é dia de Natal!
Tragam-me o Natal perdido. Enviem-me um postalinho,
tenho a saudade a bater à porta desse tempo tão certinho.
o Natal é o toque na alma, o amolecer do espírito seminal,
Amanhã
é dia de Natal!
Não
me enviem “boas
festas”, em
pacote, nas redes sociais,
como se o Natal fosse um barco à deriva em busca de um cais,
que volte depressa a normalidade, o beijo, o abraço, o celestial,
Amanhã é dia de Natal!
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