A SIC, nesta tarde de Domingo, alterou a sua programação habitual em memória da lamentável morte de Sara Carreira, de 21 anos, ocorrida ontem num brutal acidente de automóvel na A1.
Todos os Domingos, durante a tarde, a televisão de Balsemão tem apresentado o “Domingão”, um programa de música, protagonizada por artistas portugueses, durante cerca de cinco horas.
Ora, em face do trágico fim da herdeira do clã Carreira, o que fez a televisão generalista? Passou o filme “A vida de Jesus” e, nos intervalos, esteve sempre a mostrar trechos da vida curta da cantora. Estará certo? Como espectador diário da SIC, creio que não. Estamos perante um denodado exagero lutuoso na figura em apreço. Parece que faleceu o nosso Chefe de Estado – vade rectro, Satanás.
Do ponto de vista social, um desastre desta envergadura, sobretudo, envolvendo uma jovem que muito teria para dar às artes, é sempre penoso e lamentável. Do ponto de vista pessoal, qualquer família, seja de que classe for, num caso destes, fica destroçada.
No caso presente, a família Carreira pediu respeito e contenção pela sua privacidade.
Por conseguinte, salvo melhor opinião, estamos perante um abuso de confiança da SIC; uma elevada discriminação; o parecer querer impor um luto reforçado à população portuguesa num período em que o tempo é de angústias e sofrimento.
É certo que podemos sempre mudar de canal, mas, mesmo assim, não está certo. Um canal generalista, fazendo um serviço semi-público, tem uma responsabilidade acrescida na formação intelectual e informação cidadã. E sobretudo, tendo em conta as suas diferenças - sem exagerar -, deve tratar o luto de qualquer individualidade com total comedimento e o menos espectáculo possível.
Apesar do que escrevo, não se pense que não estou solidário com a família Carreira no acontecimento funesto que a escolheu em sorte macabra.
As minhas sentidas condolências.
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