Quem viu e
ouviu hoje nas televisões a conferência de imprensa convocada pelos advogados
de José Sócrates, respectivamente João Araújo e Pedro Delille, no mínimo, devia
ter ficado gelado pelo tom, pela maneira arrogante, mal-educada, discriminadora e rasteira,
como estes causídicos trataram a comunicação social presente. A meu ver, estes
defensores do ex-primeiro-ministro, pela forma enviesada de acusadores públicos, arrastam para a lama
uma prestigiada classe: os advogados. Araújo chegou mesmo a dizer à repórter do
Correio da Manhã que não lhe respondia a mais nenhuma pergunta. O seu colega, Pedro
Delille, foi ainda mais forte: acusou o jornal Correio da Manhã de pagar para,
salvo erro, forjar notícias. Na minha apreciação, uma acusação destas é, pelo visado, passível
de uma demanda por difamação agravada. Ora, perante a falta de decoro
destes dois advogados, no mínimo exigia-se aos profissionais da imprensa algum
pingo de vergonha. A própria representante do Correio da Manhã, incompreensivelmente
ou talvez nem tanto -por que se calhar a acusação assenta-lhes bem- ficou queda e calada perante o ataque cerrado ao seu
jornal. Por sua vez, os restantes jornalistas, sem dignidade e sem pinta de
solidariedade para com a colega de ofício, nem ousaram colocar aqueles fulanos na ordem -que tanto reclamam contra o
tratamento injusto para o seu cliente mas, na prática, procedem como
vulgares arruaceiros para quem presta um serviço público à comunidade.
UMA RESSALVA IMPORTANTE
Como salvaguarda, gostava de dizer que, com
esta crónica, não é minha intenção tocar no processo de José Sócrates. Essa
apreciação, de culpabilidade ou inocência, cabe à justiça, ao Juiz de Instrução e ao Ministério Público a sua avaliação. Enquanto cidadão, exijo apenas que a justiça funcione e procuro
abstrair-me do facto do arguido ser um ex-primeiro ministro. Embora reconheça que a sociedade portuguesa está dividida e coloca-se, ao seu lado ou contra, consoante o lado partidário. Completamente independente, e fora de mandar
bitaites, não estou a torcer para que Sócrates seja condenado ou inocentado forçosamente. A bem de todos nós, pela fé no crédito que os tribunais merecem à comunidade enquanto último reduto para dirimir os conflitos e propiciadores da paz social, o que espero sinceramente é que se se provar condene-se, se houver
dúvidas absolva-se.
O HOMEM DA PIZZA
Quem viu o vídeo da CMTV, pertencente ao grupo
do Correio da Manhã, a entrevistar o homem da Telepizza, que presumivelmente
iria entregar uma encomenda ao apartamento de José Sócrates, só pode ter ficado
com os cabelos em pé. Mais uma vez se constata que o exercício de informar está de rastos e os (alguns) jornalistas recorrem a tudo, mesmo à própria humilhação, para captar imagens. A fazer parecer uma cena de apanhados, por parte dos
jornalistas, foram de tal modo ridículas as continuadas perguntas ao funcionário
que, a certo momento, até ele interroga: “o
que é que se passa aqui? Parem de filmar! Mais alguma pergunta? Parem de
filmar! A sério! Estão a brincar com isto?”
Claro que, pelos momentos de
publicidade hilariante, a Telepizza estará agradecer aos idiotas que proporcionaram
um momento tão cómico.
Luis Fernandes, acha então que os advogados deviam tratar com respeito os "idiotas" de que fala? Já seria excesso de civilidade, não acha? ;). Antes o nosso problema fosse a má educação; eu acho que é a incompetência...
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