sexta-feira, 29 de outubro de 2010

DOIS POLÍTICOS NO CABARET

(IMAGEM DA WEB)



 Quem conta a notícia é o Diário de Coimbra: “Dois conhecidos políticos da cidade de Coimbra foram identificados pela PSP, não queriam pagar a conta de 5 mil euros em bar de strip, e acabaram por pagar, logo na altura, metade da conta”.

Naturalmente, porque andamos tão cheios de políticos partidários, que aproveitamos qualquer acontecimento para descarregar a nossa ira em “revanche” sobre os ditos.
Porém há um sentimento que não podemos nem devemos perder, o da objectividade e de reflexão.
Aposto que a maioria ao ler que dois políticos foram apanhados num cabaret até se benzeram. Por acaso um estabelecimento de “stip-tease” não será igual a outro qualquer local de divertimento? Bem sei que a maioria responderá que não. Acontece que é. Quem gostar e puder pagar deve ir, nem que seja uma vez na vida. Não é de estanhar que muitos cidadãos nunca fossem, e, provavelmente, muitos vão morrer sem verem um espectáculo divinal.
Mas não deixam de ir só a um cabaret. Não vão ao cinema, não vão a uma discoteca dançar, não entram numa livraria, não vão jantar fora com as consortes. E estes factos reconhecidos são transversais à sociedade que convive diariamente connosco. Como não têm hábitos de frequentar estes locais normalíssimos, quando os interrogam se vão amiúde, respondem com um clássico: “eu? Ai, por amor de Deus, alguma vez eu frequentava uma coisa dessas? Ou seja, tentando tapar o Sol com a peneira, na hipocrisia reinante, para justificar o injustificável, fazem tudo para mostrar que quem os frequenta são uns devassos ou no mínimo diferentes.
Por aqui, penso, já dá para ver onde quero chegar. No pensamento de uma maioria, estes políticos não devem frequentar um “antro de perdição” como um clube de “strip”.
Começa logo na ideia que fazemos de um político. Aos nossos olhos, este eleito é um ser imaculado que deve estar num pedestal. Esquecemos todos que o homem, literalmente escrevendo, é igual a qualquer um de nós. Tem corpo e mente. Tem necessidades como o mais vulgar arrumador de automóveis e indivíduo da rua.
Temos de acabar com este conceito erróneo que fazemos dos políticos. Temos de admitir que um elegido, só para aparentar, não tem de levar uma vida monástica, de santa aparência, e ficar todos os dias no sofá a ver televisão, apenas para que não se lhe aponte isto ou aquilo.
Apesar de termos mais de 35 anos de democracia continuamos a impor aos outros uma ditadura comportamental que não lhes serve, não nos serve, e, mais grave, vira-se contra nós. Não somos todos que acusamos os políticos de hipócritas? Afinal, perante a nossa reacção, eles serão apenas o resultado da nossa aptidão, desejo e exigência. Nós exigimos que eles sejam assim: lobos com pele de cordeiros. Os portugueses gostam da mentira e da hipocrisia. Mas quando acontece um acaso destes, todos se levantam como virgens de um céu azul inexistente.
Continuamos, na hora do voto, a apostar nos nossos eleitos da mesma forma que num jogo de poker se aposta tudo numa só jogada. Na hora do sufrágio na urna, em esperança, continuamos a encará-los como um qualquer Dom Sebastião, encarnado em salvador da Pátria e livre de pecado carnal e material, purista de alma sem mácula. Aqui começa o logro; a primeira mentira.
A seguir, depois de eleito o homem, vem a investidura da falácia. O preferido, perante tantas vénias e salamaleques, extrapola, julgando-se um escolhido, iluminado por causas divinas, enfia a máscara, cola-a na face e chama-lhe o seu novo rosto. Enche o peito de ar, fica ufano, e, a partir daí, deixa de ligar ao povo. Passou a ter estatuto de divindade.
E isto é transversal a todas as cores políticas. Basta ir a uma assembleia municipal. No hemiciclo camarário é ver e apreender o ar altivo de um qualquer presidente de junta de freguesia.
Há muito tempo que o político partidário eleito esqueceu que é um simples e humilde servidor da causa pública. Esquece o iluminado que ao arrogar-se em importância, pela pose arrogante, está a subverter completamente o acto de representatividade para o mandato que foi eleito.
Ainda voltando aos políticos no cabaret da coxa, a única coisa que discordo foi a forma como se apresentaram, ao quererem exigir da PSP uma espécie de extensão dos seus falsos poderes. Felizmente que estes agentes estiveram à altura do cumprimento dos seus deveres de equidade e imparcialidade e colocaram estes “homenzinhos” no lugar a que sempre estiveram: na terra.





2 comentários:

Anónimo disse...

Esta história de dar notícias e não pôr os nomes aos bois, não está correcta.
Assim, todos os políticos estão em causa...ainda bem que estes gostam de mulheres...ao invés doutros que preferem os da mesma espécie... não é por acaso que este governo tem vomitado leis contrárias à natureza.
Na realidade € 5.000,00 por uns copos e uns streps são coisa pouca para 2 políticos portugueses...normalmente corruptos e sem escrupulos.
Portugal está nu e bêbado... comandado por gente de baixo calibre.
L. Pereira

Jorge Neves disse...

PP e MA, mais não digo.