quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

UM COMENTÁRIO RECEBIDO (SOBRE...)



Anónimo deixou um novo comentário na sua mensagem "A FARSA DE DONA VITÁLIA":





 A peça está escrita com o rigor dos factos , pondo a nu as fragilidades em concreto da nossa justiça e em abstracto do nosso país, que nesta matéria do ruído urbano é mais que terceiro-mundista.
A senhora está cheia de razão e ninguém deve ser obrigado a ver cerceado ou limitado o seu direito fundamental ao sossego e repouso, principalmente a horas em que a lei considera tal absolutamente proibido, por alguém que se acha no direito de poluir e a poluição sonora é crime, art. 279, al. c) do Código Penal, e tão mais grave que qualquer outra.
Sabe porque é que a senhora alegadamente difamou? Porque no exercício do direito de legítima defesa, ou melhor de auto-defesa, vendo-se abandonada pelas autoridades com competência na matéria, recorreu ao único meio disponível aos oprimidos; a força da palavra.
Sabe amigo, também eu, e provavelmente todos os cidadãos de princípios e valores de respeito pelo próximo, sinto o mesmo problema; vivo junto a uma associação desportiva cujo mérito não questiono, antes pelo contrário e já tive o cuidado de o comunicar aos próprios, porém aos sábados e domingos, quando as pessoas querem descansar, muitas vezes antes das oito horas da manhã, colocam a música na instalação sonora num volume tão alto que ninguém, a quilómetros de distância, consegue dormir ou estudar.
Já questionei a Câmara para saber se a referida associação tem legitimidade para tal, por ter requerido a emissão de licença, e a resposta foi de que não houve qualquer pedido de licença, mas quanto a fiscalização nada, absolutamente nada. Todos os fins-de-semana o problema é igual.
Inércia total dos poderes públicos (já parece a sua cruzada contra o estado do prédio abandonado próximo do seu estabelecimento!). Neste país o que interessa é não mexer na porcaria porque em tempo de eleições, os eleitos vão necessitar do voto de todas as moscas, para fazerem mais m....( desculpe-me o lamento mas por educação não escrevo a palavra adequada).
Relativamente às motas; já alguém se questionou sobre os malefícios para a saúde física e psíquica do ruído emitido pelos escapes, ainda por cima adulterados, das motas?
Sabe porquê? Porque as autoridades policiais preocupam-se mais em autuar o Sr.º Luís ou outro comerciante que na Baixa descarrega em poucos minutos mercadoria para o seu estabelecimento, do que mandar parar para medir o volume de ruído das milhares de motas que circulam na cidade.
Sabe amigo, assistimos lamentavelmente a uma inversão total de valores; sou mais novo que o senhor, mas na minha geração, mais ainda na anterior, o respeito pelo próximo, a educação, a solidariedade, etc, eram valores e princípios orientadores de vida essenciais. Agora é a selvajaria total.
Em suma porque já vou, abusadoramente longo, e era isso que deveria ser frisado pelo seu defensor no julgamento; a senhora só alegadamente difamou, porque quem tem o dever de a defender (Câmara que emite a licença ao poluidor e não controla os termos do exercício dos direitos que a mesma confere, a policia que é chamada e não resolve, por falta de meios, por inércia habitual, ou por conluio com os infractores, etc.) não o faz, ou seja, não a defende e não o fará no futuro, pelas razões que acima enunciei; os poderes políticos existem para bajular e angariar simpatia dos particulares e não para, defendendo os particulares, manterem um verdadeiro estado de direito e uma sã cidadania.
Lamentavelmente começo aos poucos a criar em mim o sentimento de repúdio de ser português. Conheço, nesta particular matéria do ruído, muitos países europeus e não é nada esta vergonha.

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