quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

UM ARTISTA DO CHAPITÔ...NA CIDADE







  Encontrei-o à hora do almoço na Rua Ferreira Borges. Chama-se Rafael Aranda. Está em Portugal desde 1996. É mestre em artes performativas. Já foi professor no “Chapitô”, em Lisboa, no projecto de artes circenses de Teresa Ricou, mais conhecida por Teté.
Vive na Lousã há cerca de 4 anos e, para além de ser artista de rua –arte que adora- colabora com várias companhias de teatro, entre elas a Maribondo.
O Rafael é espanhol, mais propriamente de Cádiz, Andaluzia, diz-me sublinhando com ênfase o nome da comunidade autónoma de Espanha desde 1982.
Embora viva há cerca de quatro anos próximo da cidade dos estudantes, hoje é o primeiro dia do resto da sua vida –como diria Sérgio Godinho- em que actua na Baixa. Está ali desde a manhã. “Noto que as pessoas daqui, comparativamente com outras cidades do país, são muito frias. Olham para mim como se eu fosse um fóssil de museu e desandam. Bolas, ao menos se parassem mais para ver o meu desempenho, mesmo que não contribuam, já era bom para mim. Claro que vivo deste meu trabalho. E para vir da Lousã até aqui gasto cerca de 10 Euros. Para comer, trago uma ou duas sandes…mas preciso que as pessoas contribuam com alguma coisa…entendes o que quero dizer?” –interroga-me quase em apelo.
Durante o pouco tempo que conversei com o Rafael pude testemunhar que ele é de facto um grande profissional entertainer. Para além de apresentar a sua performance, sempre que aparecem crianças, ou até adolescentes, comunica com elas e envolve-as no espectáculo. Sem desconsiderar outros artistas de rua, a Baixa com este “performer” fica muito mais enriquecida. Temos todos que nos habituar a olhar para estes artistas da mesma forma, e com a mesma profundidade, que apreciamos um qualquer espectáculo pago. É uma questão de disciplina e respeito pelo trabalho árduo destas pessoas.
Pense nisto…e já agora, quando passar junto ao Rafael contribua com uma moeda. É o mínimo que o pode ajudar a manter aqui no Centro Histórico. E a Baixa precisa dele e de todos os que actuam na rua. Seja generoso. Ao contribuir, você não ganhará o céu, mas estará a concorrer para uma boa causa.

1 comentário:

Nuno disse...

Tenho o prazer de conhecer o Rafael Aranda pessoalmente, pessoa com quem me dou bastante bem. Tudo o que diz sobre ele é verdade. O Rafael é um excelente malabarista, um óptimo comunicador e, muito embora o sotaque espanhol denuncia a sua nacionalidade, facilmente se percebe o que ele quer dizer. O Rafael, apesar de todas as dificuldades, é uma pessoa bastante positiva e optimista, com a qual é agradável conversar.

Ao contrário do que, provavelmente, muita gente possa pensar, este tipo de trabalho não é propriamente mendicidade. Aqueles mendigos que apenas pedem dinheiro, de mim não levam absolutamente nada. Estes artistas, que estão ali a fazer alguma coisa para nos distrair, esses sim, merecem uma recompensa. Esses sim, justificam todas as moedas que recebem. É pena que sejam poucas.

Ao Rafael, muito em especial, desejo os maiores sucessos.

Cumprimentos,
Nuno.