sábado, 1 de dezembro de 2018

A BAIXA A ROLAR ENVOLTA NUM SILENCIOSO ESPÍRITO NATALÍCIO






1 - Com um custo - ou devo escrever investimento? - de cerca de 350 mil euros, abriu ontem e até 06 de Janeiro a caça ao voto através do Pai Natal.
Como nem tudo será menos mau. Começo por salientar a transferência do presépio de Cabral Antunes para o Mercado Municipal Dom Pedro V, assim como o “Ciclo de cantares de Natal ao Menino”, pelos grupos de folclore e etnografia do concelho, e, tal como em anos anteriores, uma exposição/venda de presépios artesanais.
Salienta-se também a Corrida de São Silvestre, em 15 de Dezembro, num percurso por algumas das mais emblemáticas”, numa prova de cerca dez quilómetros e uma caminhada de outros cinco.
E ainda, em 05 de Janeiro, no Pavilhão Centro de Portugal, no espaço Docas ao fundo do Parque da cidade, pela Orquestra Clássica do Centro, o Concerto de Ano Novo. No dia seguinte, no mesmo espaço, reunindo vários grupos, realizar-se-á o Encontro de Cantares de Reis.


2 – Com gosto duvidoso, digo eu, é a (des)aposta numa continuada mais pobre ornamentação pública nas ruas da Baixa. Ano-após-ano, verifica-se que o (des) gosto é cada vez mais posto em causa, sobretudo por quem manifestar o que pensa com sinceridade. Os largos principais, as Praças 8 de Maio, do Comércio e da Portagem, como sofrendo um síndrome do faz-de-conta, esticando para todos os lados, tenta-se a todo custo mostrar o que não existe.
As vias estreitas e pracetas adjacentes, seguindo o que vinha acontecendo, este ano foram completamente abandonadas.
Pode justificar-se este (des)investimento com a teoria do lençol: à força de tentar cobrir mais área, Praça da República e Baixa de Santa Clara, acaba-se por (des)cobrir mal todos.




3 – Com uma opção mais que duvidosa, continua a ser a escolha da passagem de Ano Novo trazer cada vez mais melhores e grandes grupos musicais, naturalmente, com um custo associado de muitos milhares de euros para uma única noite em detrimento de mais de um mês de espírito natalício para toda a cidade. Pergunta-se: esta acentuada inclinação para gastar tudo num único tiro de canhão será mesmo investimento? Que retorno se retira deste evento da passagem de ano?



4 – O Município de Coimbra já nem sequer faz um esforço para parecer que as iluminações são espectaculares. Basta visionar o vídeo deste 2018 para perceber melhor o que quero dizer. Com uma câmara fixa na Praça 8 de Maio nem sequer se fez um esforço para mostrar que a cidade não é apenas o antigo largo de Sanção.


5 – A publicidade aos actos continua a ser o calcanhar de Aquiles para esta autarquia de executivo socialista mais votado. Só para dar um exemplo, cerca das 16h00 de hoje foi realizado um espectáculo cénico Transhumância no antigo espaço do Museu Temporário de Memórias, na Rua Velha. Onde foi anunciada a realização? E como se sabia quem eram os actores? Sei lã?!? Por uma placa de madeira encostada à parede esboroada dentro do edifício estabelecia-se uma ponte analógica para o desempenho de arte.
Bom, se calhar, como da peça constava um homem em nu integral a escrever paredes, mais que certo, o município a antever bronca numa cidade conservadora preferiu fazer alarde do evento para cerca de uma vintena de pessoas -que eram os espectadores presentes no decurso da peça. Sinaléctica na rua Eduardo Coelho a publicitar o teatro, como se imagina, era invisível.




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