Minha mãe partiu sozinha,
sem um gemido a chorar,
tinha um brilho de velhinha
no seu tranquilo olhar;
Não levou nada consigo,
a não ser recordações,
deixa marca em fustigo
gravada em nossos corações;
Nunca se queixou da sorte,
fado que lhe calhou ventura,
pensou sempre ser recorte
de uma vida de amargura;
O viver que a si calhou,
fruto de um tempo espinhoso,
foi destino que agrilhoou
em inverno desgostoso;
Mesmo assim viveu feliz
no resto desta passagem,
foi cuidada como quis
em tempos de clivagem;
Sentirei sempre um pesar,
talvez porque fiz pouco,
é tarde para lamentar,
fica a dor em grito rouco;
Adeus mãe, até um dia,
um dia quando calhar,
com certeza de agonia,
lá nos iremos encontrar.
Só há uma,não é amigo?
ResponderEliminarLuís,um grande abraço.
Marco
Amigo Luis.
ResponderEliminarSentidos pêsames para si e restante familia.
Peço desculpa não lhe ter dado um abraço de grande amizade.
Até Sempre
Carlos Clemente
Obrigado, Marco, pela sensibilidade.
ResponderEliminarUm abraço.
Agradecido, senhor Clemente, pelo cuidado.
ResponderEliminarUm grande abraço.
POEMA À MÂE
ResponderEliminarNo mais fundo de ti
Eu sei que te traí, mãe.
Tudo porque já não sou
O menino adormecido
No fundo dos teus olhos.
Tudo porque ignoras
Que há leitos onde o frio não se demora
E noites rumorosas de águas matinais.
Por isso, às vezes, as palavras que te digo
São duras, mãe,
E o nosso amor é infeliz.
Tudo porque perdi as rosas brancas
Que apertava junto ao coração
No retrato da moldura.
Se soubesses como ainda amo as rosas,
Talvez não enchesses as horas de pesadelos.
Mas tu esqueceste muita coisa;
Esqueceste que as minhas pernas cresceram,
Que todo o meu corpo cresceu,
E até o meu coração
Ficou enorme, mãe!
Olha - queres ouvir-me? -
Às vezes ainda sou o menino
Que adormeceu nos teus olhos;
Ainda aperto contra o coração
Rosas tão brancas
Como as que tens na moldura;
Ainda oiço a tua voz:
Era uma vez uma princesa
No meio do laranjal...
Mas - tu sabes - a noite é enorme,
E todo o meu corpo cresceu.
Eu saí da moldura,
Dei às aves os meus olhos a beber.
Não me esqueci de nada, mãe.
Guardo a tua voz dentro de mim.
E deixo as rosas.
Boa noite. Eu vou com as aves.
Eugénio de Andrade
Sei quanto é doloroso ver partir os nossos pais, mas temos que encarar esta fase como uma parte das nossas vidas. Sentidos pesâmes. Um abraço
ResponderEliminarAna Soares
Obrigado, Ana.
ResponderEliminarUm grande abraço.
Lamento muito Luís. :-(
ResponderEliminarLi no dia, mas não sabia como comentar e pensei em ligar, mas nunca sei o que dizer nestas alturas...
Lindo poema de homenagem e aposto que ela morreu orgulhosa do filho!
Beijos e abraços amigos à família toda.
Sònia